Até onde vale o sonho de ser jogador de futebol ? Para Henrick De Jesus Sampaio, de apenas treze anos, o desejo rompeu as barreiras familiares, e exigiu um sacrifício: deixar sua família na Bahia, para viver com o tio, que mora em São Gonçalo. Tudo isso, para participar do projeto Craque Nota 10, onde já conseguiu projeção, e vem realizando testes no Flamengo.
Mantendo no foco o sonho de se tornar um craque reconhecido, o ponta esquerda, que se define no estilo de Lucas (PSG), quer se tornar profissional em uma grande clube. Tudo isso para dar uma vida melhor para os pais e familiares, que de longe acompanham a saga do menino.
O FUTEBOLGONÇALENSE.COM mostra agora toda a trajetória que muitos outros garotos vivem no mundo do futebol, procurando seu lugar ao sol, nesse esporte que tanto mexe com a vida dos brasileiros.
Destino: São Gonçalo
Celeiro de grandes craques, São Gonçalo é reconhecidamente uma cidade com enorme potencial para revelação de grandes jogadores. Com inúmeros projetos sociais, escolinhas de futebol e clubes lapidando jovens garotos, a produção de talentos é quase ininterrupta. No caso de Henrick, porém, a situação é diferente. Nascido e criado em Feria de Santana, na Bahia, o garoto viu no Rio de Janeiro a chance de realizar seu sonho, e graças ao treinador Everton de Jesus, uma porta se abriu.
Foi aí que Henrick resolver vir para São Gonçalo, onde é um dos aproximadamente 100 garotos que participam do projeto Craque Nota 10, que tem sua sede no bairro de Alcântara. Lá, após alguns testes, conseguiu uma oportunidade única: uma fase de avaliação no Flamengo.
– Ele é um garoto muito bom. Quando soubemos do caso dele, nos interessamos em trazê-lo pra cá, por intermédio do tio dele, que me conhece. Logo vimos o potencial, e conseguimos um período de avaliações no Flamengo, e desde então estamos nos sacrificando para essa chance dar certo – explicou o professor Everton de Jesus.
Saudades de casa e o sonho de uma vida melhor para a família
Quem observa Henrick falando, demora a acreditar que o garoto tem apenas treze anos. Com uma maturidade que impressiona, o jovem põe em primeiro lugar o bem-estar dos pais, Senhor Willian e Dona Ausilene.
– Deixar a família lá na Bahia me traz saudades, mas quero ajudá-los, tentando a sorte como jogador de futebol. Tem horas que parece uma loucura o que fiz. Fico chorando a noite, pois a falta da minha família, dos meus pais, é grande. Mas sei que Deus tem um propósito comigo, e para alcançar meu sonho, sei que tenho de manter a humildade, respeito e força de vontade.
Se os pais ficaram longe, grandes pessoas vem ajudando Henrick na realização de seu sonho. Não a toa, o menino reconhece e demonstra gratidão aos que o ajudam, como o professor Everton, os tios Eder Jofre e Francica, além dos primos e amigos que fez em São Gonçalo.
– Meus tios me receberam como um filho, sem nenhuma diferença. Eles me motivam a melhorar, fazer melhor amanha o que eu fiz hoje. O Everton também tem sido muito bom comigo, dentro e fora de campo, me ajudando em tudo. Meus primos e meus amigos Alan e Junior, que fiz aqui, são os grandes companheiros, e sempre estamos juntos – declarou.
Se adaptando do Rio de Janeiro, Henrick encara distância rumo ao Flamengo
Em testes há apenas uma semana no Flamengo, Henrick acorda cedo para encarar a distância de São Gonçalo até Vargem Grande, zona oeste do Rio de Janeiro, onde as categorias de base do rubro-negro realizam seus treinamentos. O desgaste intimida, mas não diminui a vontade do garoto.
– É muito longe, saio muito cedo de casa para não me atrasar. Estou matando um, dois leões por dia para me manter lá e acho que vou conseguir. Tenho jogado bem, me destacado, está faltando apenas marcar um gol – declarou com otimismo.
Demonstrando ser diferente também na escolha de seus ídolos, Henrick prefere os brasileiros Neymar e Lucas, aos badalados Cristiano Ronaldo e Messi.
– Até gosto deles (Ronaldo e Messi), mas prefiro os brasileiros Neymar e Lucas, principalmente o Lucas, por meu estilo de jogo parecer com o dele, jogando em velocidade pelas pontas. Me espelho muito nele, pois é um exemplo mais próximo.
Conhecedor da carreira futebolística, Eder Jofre acredita em potencial do sobrinho
O nome é de boxeador, mas Eder Jofre, tio de Henrick, jogou profissionalmente por diversos clubes, e acredita no sucesso do sobrinho. Para ele, todo sacrifício será recompensado.
– O Henrick vai conquistar esse objetivo. Talento ele possui e tem uma cabeça muito boa. Veio da Bahia para realizar esse sonho aqui com o Everton, que o orienta muito bem. Todo jogador já passou por esse sacrifício, e não mediremos esforços por ele, que é nossa família – finalizou.
A saga continua. Em testes no Flamengo, Henrick aguarda a definição de seu futuro. No rubro-negro ou não, uma coisa é quase certa: com a fé que possui, o jovem tem tudo para despontar nos gramados brasileiros, demonstrando uma característica ímpar: a mistura São Gonçalo e Bahia, dois polos tradicionais na formação de atletas.