Do lixão de Aparecida de Goiânia ao time sub-15 da seleção brasileira. Da infância pobre e sem perspectiva ao primeiro desafio na Copa São Paulo de Futebol Júnior. Aos 16 anos, Richard se prepara para defender o Goiás na Copinha, um sonho que carrega desde os tempos em que era criança em um aterro na região metropolitana da capital. Tarefa que deixa ansioso o garoto humilde de apenas 1,57m de altura, mas que, desde cedo, se agigantou para vencer as barreiras e as dificuldades impostas pela vida
Após mostrar desenvoltura com a bola no pé, com 10 anos Richard começou a treinar no Goiás. As primeiras chuteiras compradas com o próprio dinheiro, no entanto, surgiram só aos 12, quando o jovem passou a receber salário. Pela idade, o atacante sequer tem vínculo profissional. O que existe é um contrato de formação entre clube e jogador. Algo suficiente para que a multa rescisória, de acordo com dirigentes esmeraldinos, seja de aproximadamente R$ 3,4 milhões.
Atualmente, Richard mora com os pais em uma casa alugada pelo Goiás e já até treinou entre os profissionais. Antes, dividia com outras 65 famílias barracões próximos ao lixão no qual via a mão e o pai trabalharem com reciclagem. Realidade completamente diferente da que vive hoje, dias antes de poder estrear na principal competição de base do futebol nacional. O primeiro jogo do Alviverde é domingo, 4 de janeiro, contra o Rio Claro
– Estou muito ansioso. Às vezes, ansiedade atrapalha, mas a minha vai ajudar. Quero que sejamos campeões. Um título desse é importante para a carreira. Se tiver a oportunidade, quero aproveitar.
Richard caminha entre os barracos do lixão em que morou durante a infância.
Apesar das adversidades, Richard garante ter tido uma infância alegre. Morar em um lixão não foi empecilho para o veloz e habilidoso atacante, que fez questão de driblar os obstáculos.
– Tinha liberdade para fazer tudo. É um setor afastado. Tinha mais facilidade para fazer coisas. Andava de cavalo. Não tinha perigo. A alegria cobre as coisas ruins. Foi o momento mais feliz da minha vida. Uma coisa que incomodava demais eram os mosquitos. Era dia e noite – brinca.
Segundo o pai, Claudeny Lima, Richard sempre demonstrou aptidão para o futebol. O resultado:convocação para a seleção sub-15 no início de 2013. O garoto foi chamado para participar de amistosos no Catar, além de disputar a Copa Internacional do Mediterrâneo, na Espanha. Um ano antes, em 2012, ele já havia passado por período de treinos na Granja Comary.
– Ficava entre a escola e a bola. Não podia ver alguma coisa redonda que já ia chutando – revela.
Aos 16 anos, atacante chama a atenção pela velocidade e a habilidade com a bola (Foto: Reprodução/TV Anhanguera)
Apesar do início de carreira promissor, Richard admite que o caminho até a consolidação como jogador de futebol ainda é longo. Como tem somente 16 anos, poderá disputar outras edições da Copa São Paulo. O que garante não deixar escapar é a simplicidade e a alegria nos pequenos pés.
– Primeiramente, sempre manter a humildade. Sei que grandes coisas estão por vir. Se eu der brecha ou perder a humildade que tenho dentro de mim, sei que vou perder muita coisa.
Garoto reconhece que não pode se deslumbrar com o início promissor na carreira