Pensem no seguinte time: Jean, Railan, Robson, (Everson, Fernandes ou Rodrigo) e Patric (Carlos); Iury, Bruno Paulista, Gustavo Blanco e Rômulo; Zé Roberto (Mário ou Jeam) e Jacó (João Leonardo). Hoje seria um time forte? Não. Mas no futuro? Talvez.
E só podemos pensar nisso, ter essa dúvida, conjecturar se estes garotos podem dar certo no futuro por uma simples razão: todos eles, exceção feita aos três zagueiros da base entre parênteses, tiveram chances no time de cima ao longo desse ano. TODOS.
O torcedor, seja ele mais ou menos paciente, pôde, ao longo deste ano, ver todos estes meninos em ação no time de cima, seja jogando desde o início, seja entrando no decorrer das partidas. E isso é fruto de um importante trabalho da nova diretoria, que foi muito bem abraçado por essa comissão técnica.
Sobre os garotos em geral, é óbvio que, neste momento, quando estão iniciando as suas carreiras profissionais, eles oscilem. Por isso penso que a torcida tenha que ter compreensão na hora de cobrar. Vejam: não penso que a torcida não deva cobrar. Pelo contrário. Deve, sim. Mas com responsabilidade, sem vaiar o garoto que, mesmo errando, pelo menos mostre vontade.
Poucos treinadores teriam peito de encarar um desafio desse tamanho. E, pra mim, ao lado da mentalidade ofensiva, esta é uma das principais qualidades de Sérgio Soares. Claro que, em alguns momentos, SS apresentou equívocos. Ninguém é perfeito e muito menos acerta o tempo todo. Um dos defeitos dele, pra mim, ao longo do ano, foi certa visão “monotática”. Ou seja, apenas tentava escalar o Bahia com três atacantes (seja com dois atacantes abertos e 1 centralizado, seja recuando 1 deles pra atuar como um meia de ligação), sempre com marcação adiantada, sem variação nesta forma de jogar. Isto trouxe problemas, principalmente no último BAxVI, quando optou por manter esta forma de atuar, mesmo fazendo uso de jogadores que vêm mal, como Willians Santana e Leo Gamalho.
Mas, fora esta visão quase dogmática sobre seu esquema e forma de jogar pensa que o trabalho dele é excelente, principalmente quando lembramos que o Bahia tem uma equipe formada por muitos jogadores jovens e por jogadores mais experientes que não são unanimidades. Inclusive, se formos montar um time só com os jogadores mais experientes teríamos algo próximo disso: Douglas Pires (Omar), Toni (Adriano Silva), Jailton (Thales), Titi e Marlon (Ávine); Pittoni, Souza e Tiago Real (Eduardo ou Tchô); Maxi (Willians Santana), Kieza e Léo Gamalho.
Por isso acho louvável o trabalho da comissão técnica até aqui.
Voltando o foco a análise do elenco tricolor, fico pensando principalmente nos jogadores entre parênteses e até em alguns fora deles: Adriano Silva, Jailton, Thales, Tchô, Willians Santana e Leo Gamalho são superiores (ou muito superiores) ao grupo de jogadores da divisão de base que “escalei” no início do texto? Penso definitivamente que não. E o custo destes jogadores aqui destacados, seria ele muito superior àquele dos garotos? Acredito que sim.
Escrevi há um tempo ( leia aqui) que achava que o Bahia estava no trilho certo. Naquela oportunidade o time base de Sérgio Soares, que chegou às finais do Baianinho e do Nordestão, era algo como Douglas Pires (Jean), Toni, Robson (Thales), Titi e Patric (Bruno Paulista); Pittoni, Souza e Tiago Real; Maxi, Kieza e Leo Gamalho (Zé Roberto ou Rômulo).
No mesmo texto, afirmei que entendia a premente necessidade de reforços e apontei algumas posições: um zagueiro, dois laterais, um meia e um atacante. De lá pra cá vieram Adriano Silva, Marlon, Jailton e Eduardo. Acho que, tirando Eduardo (caso realmente o seu nível de atuações se mantenha próximo daquilo que apresentou contra o Paysandu), que os reforçoes trazidos não apresentavam a qualidade necessária (forçando um pouco mais a barra, até pela razoável noção defensiva, Marlon possa quebrar o galho ali, na falta de melhores opções).
Ainda acho que, pra tornar o acesso algo definitivo, estas posições precisariam ser preenchidas, mas com jogadores que pudessem chegar e ser titulares (hoje, a posição de centro avante se tornou, ao menos pra mim, uma prioridade, já que Leo Gamalho não vem sequer mostrando força de vontade quando joga, enquanto a de zagueiro perdeu em importancia, graças a subida de produção de Robson). Contudo, na falta de opções dentro do orçamento tricolor, ainda penso que o caminho é este, de usar a base.
Na impossibilidade de trazer jogadores que, inegavelmente, sejam melhores do que algumas das promissoras opções que temos, como Railan, Robson, Yuri, Gustavo, Bruno Paulista, Rômulo, Zé Roberto e Jacó, penso ser melhor dar chances pra estes meninos. Até pra evitar o risco de sermos obrigados a aturar outros Chicões, Tchôs, Willians Santanas e Leo Gamalhos da vida.
Pra finalizar: idealmente deveríamos ter 11 bons titulares e, ao menos, mais 1 zagueiro, 2 laterais, 1 volante, 1 meia e 1 atacante reservas que pudessem substitui-los num nível parecido. Olhando pro elenco do Bahia e pras suas opções na divisão de base, com o crescimento que tiveram ao longo do ano, hoje, se a diretoria tiver a possibilidade, creio que bastaria trazer 1 atacante, 1 lateral direito e 1 zagueiro (nesta ordem de importância) pra chegar e vestir a camisa de titular, apostando nos garotos que pincei no parágrafo anterior como opções em casos de suspensões e contusões.
Se não for possível trazer estes jogadores, ainda que com muita luta, algo que estes garotos e, por que não, até os titulares, já mostraram este ano, continuarei torcendo e acreditando no acesso. Até porque, se é fácil, não é Bahia.